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24.4.24

24 DE ABRIL, O ANTES...


Ultimamente, ouço cada vez mais, em velhos e até em alguns mais jovens, sempre que chegam a um qualquer serviço público, que encontram em greve, a propósito da educação que todos reconhecemos deficiente, do SNS que também apresenta muitas falhas, ou de qualquer outro problema a seguinte frase "Hoje há Liberdade a mais, isto está a precisar de outro Salazar".
 Então para aqueles, a quem o avanço da idade lhes roubou a memória dos outros tempos, e para aqueles que têm 50 anos ou menos, eu venho falar da minha vivência desses tempos, que foi decerto igual à da grande maioria do povo, nesses tempos.

 Nasci numa família muito pobre. O barracão onde vivíamos, não tinha água, nem

 luz e dividi com dois irmãos mais novos, uma infância onde nossos pais trabalhavam arduamente, sempre com medo de um dia não terem uma sopa e um pedaço de pão para nos matar a fome. Frequentei uma escola, que tinha apenas duas salas, uma, onde uma professora ensinava, na mesma sala, alunas da primeira à terceira classe. A segunda sala, era a casa de banho, composta por uma pia com torneira, e dois potes de barro para fazermos as necessidades.


Mal terminei as aulas, comecei a trabalhar. Fazia recados, tocava o gado na nora,  da quinta do ti’ Pereira, para que a água não faltasse na rega e carregava padiolas de estrume, que vinham pelo rio em fragatas, para adubar as terras.

 Depois trabalhei num armazém de lenha, carregando troncos de árvore que pesavam tanto ou mais do que eu. Mais tarde, aos 14 anos, fui trabalhar para a Seca do Bacalhau. 


Como quase toda a gente que vive assim, o meu maior sonho na altura, era viver numa casa de pedra, com água e luz e uma casa de banho com uma banheira, pois sempre tomávamos banho na selha, onde a mãe fazia a barrela e lavava a roupa, sonho que só se cumpriu anos mais tarde, quando consegui emprego num laboratório farmacêutico, em Lisboa e fui viver com uns tios que viviam em Monsanto, numa casa do estado, pois meu tio era guarda-florestal. Depois casei, meu marido era militar, e acompanhando-o, vi e vivi novas experiências. 


No norte de Moçambique, pela primeira vez, conheci a realidade dos jovens que ali chegavam estropiados, vítimas de uma guerra que ninguém queria, mas contra a qual não se podiam manifestar, sob pena de acabarem nalguma sala de tortura.

Quando aconteceu o 25 de Abril pensei que a vida dos portugueses ia enfim tomar um novo rumo. Com a Liberdade não íamos mais olhar o nosso vizinho com desconfiança cada vez que desabafava-mos sobre as dificuldades da vida, já que até aí muitos iam presos um ou dois dias depois de certos desabafos. Pensei também que com o fim das guerras coloniais, a vida dos jovens portugueses ia melhorar muito. Iam deixar de ser obrigados a partir para a guerra, iam deixar de voltar estropiados, física e mentalmente. E esses sonhos concretizaram-se com a democracia, é verdade. Ninguém mais foi preso por pensar diferente do regime e a guerra colonial acabou.


Talvez a descolonização pudesse ter sido feita de outra maneira. Talvez pudessem ter sido assegurados os direitos dos portugueses que lá viviam há muito e dos que lá nasceram, mas que experiência política tínhamos nós? Os militares fizeram a parte deles, mas um excelente militar, nem sempre é um bom político e os civis, queriam era ter a certeza de que os seus filhos e netos, não mais teriam que ir para lá.

Mas meu Deus como a vida mudou depois do 25 de Abril. Só a liberdade de poder dizer o que se pensa, sem medo, não tem preço.

Os salários melhoraram, as crianças deixaram de ser obrigadas a trabalhar, para complementar o salário dos pais, nasceram novas escolas, criou-se o SNS que tem, todos sabemos deficiências, mas é bem melhor do que quando ele não existia. Mudou-se a noção de pobreza, que existe sem dúvida, e é nossa obrigação pressionarmos o governo por melhores condições de vida, para todos, mas que não se compare a vida hoje, àquela que havia antes do 25 de Abril, e contra a qual ninguém podia abrir a boca, sob pena de acabar preso ou morto.


Então que ninguém me venha dizer, que há Liberdade a mais, que o País está um caos e a precisar de outro Salazar.


Elvira Carvalho

 

21.3.24

PORQUE HOJE É O DIA MUNDIAL DA POESIA

 

O MEU OLHAR É…MÁGICO


O meu olhar é mágico.

Ele é o portal de entrada na vida que me rodeia.

É a borboleta que dança inebriada

Sobre um canteiro florido.

Ele é a alegria esfuziante da criança,

Que brinca

Sob o atento olhar da mãe, que sonha

Para ela um futuro radioso.

Ele é o Amor latente nos jovens

Que trocam beijos num banco de jardim.

O meu olhar é mágico

Ele é a lágrima escondida,

na solidão dos idosos

A quem o desemprego levou

Os filhos na mala da emigração.

É a dor sem tamanho daquela mãe

A quem um acidente brutal roubou

A luz dos seus olhos.

Ele é o mar que no horizonte

Se funde no espaço celeste.

Ele é a nuvem que passa

O vento que verga as árvores

E o sol que a todos afaga.

O meu olhar é mágico

Porque ele é o portal das emoções

Que compõem a Sinfonia da Vida.


Porque hoje é o dia da poesia, e também porque preciso pedir desculpa a todos os amigos por esta ausência forçada, mas ainda não me sinto capaz de voltar. Há dias em que venho até aqui, mas não consigo escrever duas linhas sequer. Outros vou até aos vossos cantinhos, leio o que publicam e saio sem deixar rasto. Sinto-me como se parte de mim tivesse morrido. Estou em tratamento, mas as melhoras são lentas. Mas mantenho a promessa de voltar.

Abraço-vos com toda a gratidão do meu coração

8.3.24

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER

                                                        


                                                                 É PARA TI, MULHER

 

É para ti, Mulher

Que sonhavas com uma vida de Amor,

Com Respeito, Igualdade de direitos,

a Liberdade,

E a dignidade de seres Mulher.

E és violada, espancada, vilipendiada.

É tua vida, rosa sem perfume

Espinhosa na profissão e no lar.

 

Para ti, Mulher

Que sonhas com um mundo de Paz

E vês o teu mundo, ruir com uma guerra

Que não quiseste, nem entendes.

Mas te obriga a fugir do teu lar destruído

para pores os filhos a salvo 

Deixando para trás o marido que luta

Sem saberes se voltarão a ver-se

 

É para ti, Mulher,

Que sonhas com um mundo melhor

Onde o alimento não falte na mesa

Mas sobrevives à fome

E seguras no peito esquálido

O corpo do teu filho moribundo

Porque nem o teu amor, nem a tua dor,

Lhe alimentaram o corpo faminto.

 

É para ti, Mulher

Filha, irmã, esposa, mãe, viúva,

Quantas vezes carregaste no ventre

Com alegria o Milagre da Vida

Sofrendo todas as dores, com um sorriso

E hoje sobrevives na solidão,

Porque o marido, a morte o levou

E os filhos se perderam, no mar da emigração.

É para ti Mulher

Que carregas dia a dia, a morte no peito

A  minha homenagem, o meu respeito

  

Elvira Carvalho


18.2.24

BOA TARDE AMIGOS


Boa tarde amigos

Venho dizer-vos que graças aos medicamentos, ou à fé e orações estou muito melhor. Claro que a dor está cá, mas já consigo conversar com as pessoas sem desatar a chorar e já me sinto com forças para conseguir levar adiante o compromisso que tinha marcado desde Novembro passado. O lançamento do meu livro de poesia está marcado para o próximo dia 2 de Março. Pensei que teria de adiar pois não me sentia com forças nem coragem, mas Graças a Deus que estou melhor, e talvez em breve possa regressar, muito embora não sei se com a continuação dos blogues, ou apenas visitando-vos e comentando. Ainda não consegui escrever nada. Também tenho estado pior dos olhos, ontem estive numa consulta de oftalmologia, e o médico ficou muito admirado de no Hospital de Santa Maria me terem dado alta, há quase 3 anos e não me terem marcado nenhuma consulta de acompanhamento por causa do transplante de córnea. E além de me medicar no imediato, aconselhou-me a fazer uma consulta com um especialista em córnea.

E por hoje é tudo. Muito obrigada a todos pelo carinhoso apoio que me têm dado.

15.2.24

NOTÍCIAS


 

Bom dia amigos. Ontem estive numa consulta médica. Levei toda a consulta a chorar. A médica diz que estou depressiva, receitou-me o Alprazolam, o Mirtazapina e a Sertralina. Pediu acompanhamento psicológico, mas avisou que as consultas estão demoradas. E disse que eu tinha de reagir, voltar à escrita, e a tudo aquilo que dantes me dava prazer fazer. Como se fosse fácil, deixar de sentir esta angústia e sentir o peso da casa vazia. Agradeço a todos pelo carinho, pelas mensagens de apoio, telefonemas e emails. Que Deus vos abençoe.

11.1.24

AGRADECIMENTO


 Bom dia amigos.

Vim agradecer todo o carinho e as mensagens de apoio que aqui me deixaram, neste momento tão difícil da minha vida. Muito obrigado. Que Deus vos abençoe.