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14.6.17

JOGO PERIGOSO - PARTE XXX






Na faculdade tinha feito amizade com o teu irmão. Eu tinha ouvido falar dos sonhos dele, de ir para África, e admirava-o muito. Creio que ele me admirava porque a minha história era conhecida. Dessa admiração mútua, nasceu uma profunda amizade. Quando surgiu a oportunidade de começar com o negócio da confecção, o padre Miguel deu-me o acesso a uma conta no banco, dizendo-me que era o dinheiro que eu lhe dera, e que o guardara para eu iniciar a vida depois dos estudos. Mas o dinheiro não chegava e eu não ia sobrecarregá-los com mais encargos. De modo que decidi desistir e procurar um emprego em qualquer firma. Não sei como o teu irmão soube, juro que não falei nada com ele, sobre o assunto, embora tenha comentado com outros amigos que se tivesse dinheiro comprava aquela microempresa de confecções. O teu irmão pagou tudo o que me faltava e ainda me ajudou com  o investimento inicial. 
Jurei que lhe devolveria tudo com juros, quando triunfasse, e tentei fazê-lo três anos mais tarde, mas ele não aceitou. Disse que tinha sido  como um presente de aniversário.  E que lhe retribuiria um dia se ele precisasse. Por isso, quando me procurou e me ofereceu a compra da sua parte na fábrica eu não hesitei. Mas só nessa altura soube que ele tinha uma irmã.
 Até te conhecer, era um lobo solitário. Nunca tinha pensado numa mulher como companheira de vida, nunca pensara em casamento.  A minha figura agradava às mulheres e elas agradavam-me a mim. Desculpa se te pareço cínico, mas estou a ser o mais sincero possível. Tive várias amantes. Mas quando te conheci, e me enfrentaste, senti que tinha encontrado a minha alma gémea. Cada vez que o fazias, ficava louco. Não davas qualquer sinal de que te agradava, e eu  que sempre vivi rodeado de belas mulheres, não sabia como te conquistar. Quando enfim começamos a entender-nos, pensei que era um sonho. Nunca tinha estado apaixonado antes, desconhecia o sentimento. E era algo tão novo, tão incrível.  E quando fizemos amor, senti-me o último rei da terra. Depois, os dois sabemos o que aconteceu.  A tua falta de confiança, fez com que me sentisse destroçado. Sei que fui muito duro, disse coisas horríveis, mas acredita, não te fazia sofrer tanto quanto o meu próprio sofrimento.
O facto, da minha mãe ter morrido de parto, criou em mim uma espécie de rejeição à ideia de ter um filho. Nunca pediria à mulher, que amo, que assumisse esse risco. Creio que viveria em suspenso todo o tempo da gestação, num pesadelo constante, temendo o que podia acontecer. Por tudo isto, eu nunca te rejeitaria se me tivesses contado naquele dia. É a ti que eu amo, tal como és. E depois, quando um dia, quisermos um filho, há tantas crianças a precisarem de quem as ame e cuide delas. Como eu precisei.
Apertava-a contra si, beijava-lhe o rosto, o colo, o pescoço. As mãos nervosas, percorriam-lhe o corpo, ora se introduzindo sob o vestido até à coxa, ora  acariciando os seios através da fina seda, que os cobria.  O desejo crescendo desenfreado.
- David o jantar! – Murmurou ela os dedos acariciando-lhe a nuca. 
Levantou-se, pegou-lhe ao colo, e sussurrou-lhe ao ouvido: 
- Acho que vou querer, primeiro a sobremesa. No quarto...
O riso dela, era uma promessa de felicidade.


Fim



Elvira Carvalho


24 comentários:

chica disse...

Que lindo! Adorei e foi um final bem feliz, como esperava!VALEU! Tu escreves muito bem sempre e nos prendes aos contos! bjs, chica

AvoGi disse...

Prontos..... É sempre assim.... Primeiro a sobremesa ou sobre a mesa...
Final genial
Kis :=)

Prata da casa disse...

E tudo está bem quando acaba bem.
Bjn
Márcia

redonda disse...

Gostei muito desta história!
Agora vou ficar com saudades deles, a pensar que ainda poderia continuar ou vou precisar de uma nova história!
um beijinho

Gábi

Majo Dutra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Majo Dutra disse...

No fim da leitura, fiquei apalermada com o poder da sua criatividade!
E andou a Maria Rebelo Pinto a vender milhares e milhares de livros com contos de qualidade muito inferior aos seus e ao terceiro livro encheu-me... Só porque conseguiu uma ampla propaganda depois do primeiro livro que realmente foi o único interessante.
Lamento muito não haver um modo de publicar os seus trabalhos...
Muitos parabéns escritora amiga, por mais uma obra que honra a sua assinatura.
Grande abraço de júbilo.
~~~~~~~

maria disse...

Mais uma história de amor bonita, com final feliz...gosto, pelo menos que na ficção tudo dê certo!
Obrigado e de novo e sempre...Parabéns!

Edum@nes disse...

A felicidade é bela. Aproveitem-na bem. Penso de que com ela. Ninguém se cansa de viver!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Tintinaine disse...

Um final feliz e a contento de todos. É disso que o meu povo gosta, como dizia o malogrado Perestrelo.

Pedro Coimbra disse...

Sabe que também sempre gostei de mulheres que dão luta??
O fácil não me atrai nada.
Abraço

Joaquim Rosario disse...

bom dia
foi um jogo muito bom de acompanhar , tornou-se por vezes um pouco perigoso mas nada que não aconteça nos jogos que fazemos no nosso dia a dia.
parabéns Dª Elvira.
venham daí mais.
JAFR

Anete disse...

Lindo amor narrado neste conto, Elvira! O último capítulo nos trouxe revelações e conclusões apaixonantes... Um final caliente e com OS MEUS APLAUSOS...

Abração... MUITA PAZ E SAÚDE p vc e os seus!

José Lopes disse...

Depois da tempestade chega a bonança...
Cumps

Teresa Brum disse...

Boa tarde Elvira!
Que final maravilhosos, não podia ser diferente não é amiga?
E foram felizes para sempre.
Beijinhos no coração e até a próxima aventura.

Odete Ferreira disse...

Acompanhei, quase diariamente; deixei menos comentários para não me repetir. Reforço a ideia que já exprimi noutras histórias: a narradora tem veia para construir tramas que despertam a curiosidade, desenvolve-as com coerência e faz sempre uma aborgagem pedagógica. Por isso, parabéns!!!
Bjinho :)

Janita disse...

Parabéns por mais esta bela história de amor, Elvira.
Gostei muito, muito mesmo. Fico sempre feliz com a felicidade daqueles a quem a vida não esquece de lhes conceder a recompensa pelo que já sofreram no passado. Nem todos têm essa sorte.
Obrigada pela sua grande entrega a alegrar-nos estes caminhos da blogosfera.
Desta vez, dou-lhe um beijinho a acompanhar o abraço!

lourdes disse...

Uma bela história de amor com algumas lágrimas pelo meio (que demasiado doce tambem faz mal).
Um final feliz, que é o que todos precisamos.
Que imaginação!
Beijinhos.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais uma história com um final feliz.
Gostei bastante, e venha de lá outra história.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Ailime disse...

Muito belo este conto e lindo o final.
Gostei muito.
Um beijinho.
Ailime

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Elvira

eu gostei muito do desenrolar desta estória e gostei da maneira como engendrou o problema dela e dele e no fim tudo bateu certo.
gostei!
beijinhos
:)

Rosemildo Sales Furtado disse...

Uma bela estória/história, um final feliz. O pior é que termina e deixa a gente com gosto de quero mais. Parabéns Elvira! Adorei!

Abraços,

Furtado

Emília Pinto disse...

Querida amiga, tu és uma autêntica máquina de fazer histórias e, chego aqui hoje e já uma nova começou. A minha opinião sincera é que os teus contos encantam; escrita simples e temas muito pertinentes e por isso, querida amiga, continua da mesma forma, sem mudares nada. O novo conto ainda não li, pois tive que ler os capitulos que me faltava. Desejo-te um bom fim de semana, com saúde e alegria. Beijinhos
Emilia

Gaja Maria disse...

Só agora estou a conseguir por as leituras em dia. Gostei muito deste final feliz. Parabéns Elvira por mais uma linda história. Abraço

Berço do Mundo disse...

Como eu adoro um final feliz!