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2.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE X




Salvador chegou ao escritório pouco passava das três.
- Boas tardes Raquel. 
- Boas tardes. Foi rápida essa ausência. 
-  Não me passes chamadas, continuo fora.
-  Aconteceu alguma coisa?
- Nada que se relacione com o trabalho. Preciso analisar uns dados. Por favor não me interrompas.
- Certo, chefe. Não te vi, não sei onde estás, nem quando voltas. Avisa-me quando regressares. 
Não respondeu. Entrou no seu gabinete e fechou a porta.  Despiu o casaco, que pendurou no cabide junto à porta e sentou-se.  O que tinha acontecido nessa manhã era incrível.  Era como se ele estivesse num filme de ficção científica.Se acreditasse em teorias esquisitas, diria que tinha encontrado o clone de Ana Clara.
Como era possível, duas pessoas tão iguais? Não era só no físico que eram iguais. Eram-no também no tom ligeiramente rouco e na doçura da voz, na expressividade do rosto, nos movimentos das mãos, quando falavam. 
Mais assombroso ainda, terem exatamente a mesma idade. E quase que tinha a certeza de ouvir a cunhada dizer que tinha nascido em Leiria. 
Coitada da Ana Clara. Nunca saberia quão perto ele estivera, de lhe arruinar a vida. Ainda bem que não tomara nenhuma atitude irreparável, como dizer ao irmão, que a mulher o traía.
E Anete? Quem seria ela na realidade? Ela tinha dito que tinha chegado à cidade à pouco tempo. Tinha vindo sozinha, uma vez que o irmão viera ver se estava bem. Mas o que leva uma mulher linda a deixar tudo para trás e mudar de cidade? Normalmente uma destas três coisas. Uma promoção de carreira, uma desilusão de amor, ou o querer estar perto de um grande amor.
Ela não seria comprometida, uma vez que aceitara o seu convite para jantar. Logo o terceiro item estava fora de questão. Em qual dos outros dois se enquadraria?
E, que juízos faria ela da sua atitude?
Ele gostara dela. Mas gostara mesmo, ou gostara da ideia de ter encontrado uma versão de Ana Clara, que gostaria de ter para si? Para ser sincero consigo mesmo, receava, que à vista da jovem, o antigo amor que sentira pela cunhada, e que sepultara no peito quando ela escolhera o seu irmão para companheiro de vida, encontrasse o caminho de volta para a superfície.
Não tinha nenhuma fotografia de Ana Clara. Nunca quisera trazer nenhuma consigo.  Se a tivesse, ia sentir que estava a atraiçoar o irmão sempre que a olhasse e sonhasse com aquilo que poderia ser a sua vida, se Raul não se tivesse cruzado no seu caminho. Agora tinha pena de não a ter. Gostaria de a mostrar a Anete. Mas talvez aquele jantar não fosse o último. Se voltassem a encontrar-se, se ficassem amigos, talvez a levasse a casa do irmão. Ia gostar de ver a cara das duas se um dia se encontrassem.
  


18 comentários:

Cantinho da Gaiata disse...

Tão bom dois episódios num dia, obrigada.
Estou mesmo muito curiosa, esperando para ver o resultado do jantar.
Beijinho amiga.

Os olhares da Gracinha! disse...

É um gosto ler cada texto pois é sempre um bom momento de leitura!
Curiosa pelo desenlace! Bj

chica disse...

Esse encontro das duas promete! Vamos esperar! bjs, chica

Gaja Maria disse...

gêmeas?

noname disse...

Gémeas, por certo. Ou então a ovelha Dolly eheheheh

Unknown disse...

Me deixando sempre aguada com o que vem depois.
Bjs

Tânia Camargo

redonda disse...

Está-me cá a parecer que a Ana Clara e a Anete são irmãs gémeas e foram as duas separadas e adoptadas por famílias diferentes e a família da Anete não lhe contou nada sobre a adopção....
Estou curiosa sobre como vai correr o jantar e espero que se o Salvador se apaixonar
pela Anete seja mesmo por ela e não pela irmã

um beijinho e uma boa semana

Joaquim Rosario disse...

bom dia
o que parecia complicado ,tornou-se ainda mais .
acho que vamos ter aqui um futuro casal
JAFR

Tintinaine disse...

Aqui tudo corre bem e toda a gente gosta da evolução da "novela". Já no meu Benfica anda tudo à "trolha" e ninguém se entende. Estamos afundados pela «Lei de Murphy».

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar.
Um abraço, boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Beatriz Pin disse...

Cuando leo algo do que escribe, penso cánto podería mellorar o portugués, se lera todas as suas historias, porque escribe con craridade, con termos que nos son moi familiares. Pero, ainda que adoro as linguas, non son moi constante a hora de aprendelas e retelas na memoria. A miña visita a Portugal fai uns días serviume para refrescar un pouco o meu escaso portugués. Coñezo a palabra pero non son quen de lembrala á hora que a preciso. Referente ó galo de Barcelos, outra historia me contaron que ten a ver con un amor non correspondido. Puido ser ese o motivo do crime que se acontecera? Agradezo a sua aclaración. Pois o galo tem moitos corazóns, non é?
Aperta grande.

Edum@nes disse...

O aparecimento de Anete, está causando muita confusão em Salvador, por ser tão parecida com Ana Clara. Se calhar ainda se vão apaixonar um pelo outro?

Tenha um bom dia amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Emília Pinto disse...

Agora, sim, já podemos ir imaginando o que será. E a história vai ser mesmo " sem titulo ". Fica original!!! Beijinhos, Elvira e até ao proximo capitulo. Fica bem!
Emilia

Teresa Brum disse...

Que estória boa!
E estou cada vez mais curiosa.
Beijinhos.

Ailime disse...

Está muito interessante a história.
Vou ler o próximo capítulo.
Bhs
Ailime

Rosemildo Sales Furtado disse...

O ruma parece ser o melhor possível. Continuo gostando e cada vez mais curioso.

Abraços,

Furtado

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Os seus contos são muito legais
Beijos
Lua Singular

Smareis disse...

Estou bem curiosa , vamos ver adiante.
Bjs!